sexta-feira, 11 de maio de 2018

As obras são a prova de uma fé genuína



“Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta.
Insensato! Quer certificar-se de que a fé sem obras é inútil? Não foi Abraão, nosso antepassado, justificado por obras, quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar?”

Este texto parece contradizer os ensinamentos de Paulo quando ele escreve aos Romanos (3:21,21; 4:1-6; 5:1) e aos Gálatas (2:16; 3:11), sobre a justificação pela fé e não por obras da lei. Fica evidente que Paulo se referia a lei moral (dez mandamentos) e a lei cerimonial (ritual dos sacrifícios de animais e etc). Paulo está atacando o legalismo. O que Tiago tem em mente nesta passagem é a evidência das obras provenientes da fé verdadeira. Ele está atacando o antinomismo (crença de que não há leis morais que Deus espera que os cristãos obedeçam), e o nominalismo cristão, ou seja, aqueles que dizem ter fé em Cristo, mas não comprovam com suas obras. Aquele que se vangloria da sua fé sem qualquer evidência das obras (frutos do Espírito) é um incrédulo e hipócrita (Gl 5:19-23). A questão aqui não é a causa da justificação, mas a pública profissão de fé sem obras. Tiago não está falando sobre a causa da justificação, ou da maneira como os homens obtêm a justiça, pois seu objetivo é mostrar que as boas obras estão conectadas com a fé. Por isso não faz sentido alguém servir as pessoas (caridade) e estar distante de Deus, da sua Palavra e sem comunhão com a igreja de Cristo. Quando Tiago diz que Abraão foi justificado por obras, ele está falando da prova que deu de sua justificação pela fé.

Em Gênesis 15:6 vemos que Abraão creu em Deus, teve fé na promessa de que dele sairia uma nação, e isso lhe foi imputado para justiça (Hb 11:8). Anos mais tarde, em Gênesis 22, Deus lhe pede seu único filho Isaque para ser sacrificado, o filho da promessa. Abraão obedeceu a Deus, e quando estava prestes a sacrificar seu filho, Deus providenciou um substituto, um cordeiro. A obediência de Abraão no capítulo 22 é prova de sua fé genuína do capítulo 15. A obediência de Abraão a Deus comprovou sua fé.

Quando Paulo diz que somos justificados mediante a fé sua intenção é dizer que somos considerados justos de diante de Deus. Porém, Tiago tem a intenção de dizer que aquele que professa que tem fé deve provar a realidade de sua fé por meio de suas obras. Tiago, diferente de Paulo, não tinha a intenção de ensinar a base sobre a qual nossa esperança da salvação deve repousar.

Paulo ensina que somos salvos mediante a fé, ou seja, você não tem que acertar sua vida primeiro para então entregar-se a Cristo, isto é legalismo, você precisa receber Jesus como Senhor e Salvador da sua vida e deixar que Ele acerte sua vida. Se você parou de beber ou de fumar para se tornar um cristão, você está automaticamente dizendo que foi justificado pelas obras da lei. Porém, Tiago ensina que aquele que foi justificado pela fé (salvo) deve demonstrar a justiça de Cristo mediante a sua conduta (santificação progressiva - Mt 22:37-40; Rm 6:1-2; 1 Jo 2:3-6; 1 Jo 5:3). A pessoa quando recebe a Jesus em sua vida sente nojo do pecado, pois agora ela sentirá o desejo de viver uma vida santa, sem vícios para se sujeitar a imagem daquele que a criou (Rm 8:29).

A questão aqui não diz respeito a causa da salvação, mas os efeitos dela, ou seja, as obras acompanham necessariamente a fé genuína. O homem é justificado pela fé sozinha, mas, sua justiça é conhecida e provada por suas obras.

“O fruto sempre provém de uma raiz viva de uma boa árvore” (João Calvino)

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