sábado, 28 de abril de 2018

Aconselhamento clínico pastoral vs. Aconselhamento bíblico


Há poucos dias escrevi um artigo sobre o neognosticismo presente em nossas igrejas, e como sua influência tem afetado a preeminência de Cristo na igreja e a suficiência das Escrituras no processo de aconselhamento (Clique aqui para ler). Dentre as três perspectivas citadas no artigo (psicologia, misticismo e pragmatismo) eu destaco aqui a influência da psicologia secular no aconselhamento. A educação em clínica pastoral iniciou-se na década de 20 no Estados Unidos. Muitos pastores e líderes religiosos concluíram que a chave para desvendar os mistérios da religião e da realidade estavam em “nós mesmos”. Após a segunda Guerra Mundial, os expoentes da teologia pastoral começaram a adotar um novo estilo de aconselhamento pastoral nas principais escolas de teologia dos Estados Unidos. Esse estilo afastou-se do conselho, da exortação e da orientação bíblica e se moveu rumo a um estilo de aconselhamento pastoral autocentrado e antiautoritário. Os teólogos pós-guerra foram impulsionados pela teologia liberal. Na igreja aqueles que defendiam viver de acordo com as Escrituras foram marcados como moralistas e legalistas. A ideia rogeriana (Carl Rogers) de aceitação positiva incondicional moldou a prática do aconselhamento pastoral.

Alguns nomes influentes do aconselhamento clínico pastoral:

Anton Boisen (identificado como o pai da educação em clínica pastoral), tinha uma teologia que misturava moralismo, liberalismo, misticismo e empirismo. Suas ideias “inovadoras” baseavam-se em moldar a teologia com forte ênfase na experiência. Ele equiparou as experiências de uma pessoa, como equivalente à revelação bíblica.

Dr. Richard C. Cabot trabalhou na criação daquilo que chamou de “teologia clínica”, ele advertiu os ministros do evangelho a deixarem os problemas mentais para os profissionais com formação médica, ou seja, para os psiquiatras. A teologia de Cabot era liberal, ele acreditava que a natureza tinha as repostas para todas as perguntas do homem. Cabot negava que os milagres registrados nas Escrituras fossem sobrenaturais e acreditava que a realidade podia ser encontrada somente no reino físico.

Seward Hiltner foi um homem de grande influência no campo da psicologia pastoral. Considerava-se teólogo liberal. Apreciava as descobertas de Freud. No que diz respeito ao uso da Bíblia no aconselhamento ele dizia que o conselheiro não deveria usar a expressão “a Bíblia”, nem citar as Escrituras nem contar histórias da Bíblia. Para ele citar passagens bíblicas no aconselhamento é o mesmo que uma coerção. Ele aprendeu com Boisen a concentrar-se na experiência pessoal, sem confrontar as pessoas com a verdade clara da Palavra de Deus. Sua abordagem não era diretiva, e sim rogeriana, ou seja, centrada na pessoa. Para Hiltner, a ênfase no aconselhamento certamente não está nas Escrituras, mas na sabedoria do homem.

Wayne E. Oates foi quem integrou a teologia com a psicologia e psiquiatria. Seguia a psicologia social de Alfred Adler. Para ele o uso da Bíblia no aconselhamento pode produzir uma tendência autoritária, ou seja, as Escritura não podem ser a base de aconselhamento. Seu foco de aconselhamento é conduzido para fora das Escrituras, cortejando as filosofias de Freud, Maslow e Rogers.

Carl Rogers era filho de pais cristãos, mas aos vinte anos de idade ele rejeitou a divindade de Cristo, ele parou de falar sobre as orientações de Deus para sua vida. Rogers chegou a pastorear uma igreja e pregava sermões cheias de frase do tipo: “Os psicólogos nos dizem” ao invés de “assim diz o Senhor”. Para ele o homem é bom e saudável, as pessoas são levadas pela “força da vida” que ele chama de tendência atualizadora, essa consideração positiva era chamada de autoestima, valor pessoal e autoimagem positiva. Rogers insiste que a autoestima positiva é alcançada pelo recebimento por parte de outros de consideração positiva. Para Rogers o pecado na terapia, ou no ensino na vida familiar, é a imposição de autoridade. Para ele o papel do conselheiro não é diretivo nem avaliativo, o conselheiro deve tratar as pessoas como alguém de valor, e respeitar a capacidade e o direito do aconselhado de dirigir a si mesmo (consideração positiva incondicional). O objetivo do aconselhamento rogeriano é “vida boa”. Ele disse: “a experiência é, para mim, a mais alta autoridade” (ROGERS 1951, apud, BABLER; ELLEN, 2017, p. 56). O “eu” é exaltado acima de Deus e a experiência é colocada acima das Escrituras, ou seja, cada pessoa é seu deus.

A redescoberta do aconselhamento bíblico

A redescoberta do aconselhamento bíblico é atribuída a Jay Adams. Em seu livro Conselheiro Capaz, publicado originalmente em 1970, Adams utilizou o termo “noutético” (transliterado de uma palavra do Novo Testamento grego que é mais frequentemente traduzido por “admoestar”) para escrever o aconselhamento que tem como foco ministrar as Escrituras, falando a verdade em amor àqueles que precisam de conselhos. Adams realizou um estudo bíblico intensivo acerca de consciência, culpa, antropologia e mudança. O aconselhamento noutético é a confrontação que é feita, brotando da preocupação visando aos propósitos de mudança de algo que Deus quer que mude. Esse algo pode envolver atitudes, crenças, comportamentos, motivações, decisões e assim por diante. O aconselhamento bíblico consiste em ministrar as Escrituras àqueles que enfrentam problemas ou que desejam a sabedoria e orientação de Deus. Adams (MACARTHUR; MACK, 2004, p. 79-81) estabeleceu sete elementos-chave no aconselhamento bíblico:
  1. Deus está no centro do aconselhamento
  2. O compromisso com Deus traz consigo consequências epistemológicas
  3. O pecado, em todas as suas dimensões
  4. O evangelho de Jesus Cristo é a resposta
  5. O processo de mudança que o aconselhamento deve visar é a santificação progressiva
  6. As dificuldades situacionistas que as pessoas enfrentam não são a causa aleatória dos problemas do viver
  7. O aconselhamento é uma atividade eminentemente pastoral e deve ser ministrado pela Igreja
O aconselhamento bíblico consiste em ministrar as Escrituras àqueles que enfrentam problemas ou que desejam a sabedoria e a orientação de Deus. As Escrituras são suficientes para a tarefa do aconselhamento e são superiores a tudo que o mundo tem a oferecer. Os crentes devem procurar conhecer a Deus, através das Escrituras, ao invés de buscarem experiências sobrenaturais ou de êxtase. O apóstolo Pedro refletiu sobre sua experiência pessoal na transfiguração de Cristo no monte. Pedro voltou-se para as Escrituras como autoridade mais elevada e mais confiável até mesmo do que sua marcante experiência (2 Pe 1:16-21). Ele disse: “Temos ainda mais firme as palavras dos profetas” (v.19 – NVI).

O aconselhamento bíblico está baseado na convicção de que as Escrituras são suficientes para a tarefa de aconselhar e superiores a qualquer outro material que o mundo tenha para oferecer (2 Tm 3:16,17; Hb 4:12; 2 Pe 1:3,4; Sl 119; Tg 4:4). O aconselhamento bíblico é um ministério da igreja local no qual os crentes em Cristo, habilitados, capacitados e guiados pelo Espírito Santo (Jo 14:26), ministram a outros a Palavra viva e ativa de Deus buscando evangelizar os perdidos e ensinar os salvos (BABLER; ELLEN, 2017, p. 89).


REFERENCIAL TEÓRICO

MACARTHUR, John; MACK, Wayne. Introdução ao aconselhamento bíblico: Um guia básico de princípios e práticas de aconselhamento. São Paulo: Hagnos, 2004.

BABLER, John; ELLEN, Nicolas. Fundamentos teológicos do aconselhamento bíblico e suas aplicações práticas. São Paulo: Nutra, 2017.

MACARTHUR, John F. Nossa Suficiência em Cristo: Três influências letais que minam a sua vida espiritual. 2. ed. São José dos Campos: Fiel, 2007.

terça-feira, 17 de abril de 2018

A suficiência de Cristo atacada pelo Neognosticismo infiltrado em nossas igrejas


A igreja está tremendamente carente de uma renovada apreciação do que significa ser perfeito em Cristo. A teologia tem se tornado cada vez mais humanista. O foco da atenção passou de Deus para as pessoas e seus problemas. O evangelicalismo está fascinado pela psicoterapia. Os distúrbios emocionais e psicológicos têm se tornado moda. Os cristãos estão cada vez mais dependentes de terapeutas e grupos de apoio. Esta moda está atacando a confiança dos cristãos na suficiência de Cristo e sua Palavra. Encontramos em Cristo plena suficiência para as nossas necessidades. Os crentes têm em Cristo tudo que precisam para enfrentar qualquer provação, qualquer tentação, qualquer dificuldade com as quais possam se deparar nesta vida.

Na igreja do primeiro século, em Colossos, existia um movimento presente naquela comunidade chamado “gnosticismo”. Eles ensinavam que a salvação não é um ato divino, e sim um processo de conhecimento, a palavra “gnose” significa “conhecimento”, esta é uma influência da filosofia grega, e estavam tentando dizer que as pessoas encontrariam a salvação através de um grau altíssimo de entendimento, uma espécie de “elite espiritual”. O tema central da carta de Paulo aos colossenses é sobre a preeminência de Cristo, e foi exatamente isso que o gnosticismo atacou, a suficiência de Cristo.

O gnosticismo não morreu, e atualmente uma tendência neognóstica de se buscar conhecimento oculto vem ganhando uma nova influência. Três traços principais do neognosticismo presentes em nossas igrejas hoje são: a psicologia, o pragmatismo e o misticismo.

Psicologia:a igreja tem visto o aconselhamento bíblico como algo ingênuo, simples e até mesmo tolo. Os neognósticos acreditam que somente os especialistas em psicologia (os que possuem conhecimento secreto) estão devidamente qualificados para ajudar pessoas com problemas espirituais e emocionais. O significado da palavra “psicologia” é “o estudo da alma”. Somente alguém que se tornou perfeito em Cristo está adequadamente equipado para estudar a alma humana. Buscar soluções que não estejam alicerçadas na Palavra e na orientação do Espírito de Deus jamais resolve qualquer problema da alma humana. As teorias da psicologia são desenvolvidas por pessoas que não acreditam em Deus, pois suas técnicas são fundamentas no pensamento de que o indivíduo, por si só, tem o poder de mudar a si mesmo, transformando-se numa pessoa melhor.

Pragmatismo: O fim justifica os meios? Os crentes estão dizendo que sim. Todo tipo de entretenimento tem sido usado para atrair incrédulos para a igreja. As pressuposições do pragmatismo são de que a igreja só pode atingir alvos espirituais através de meios carnais e que o poder da Palavra de Deus, por si só, não é suficiente, para acabar com a cegueira e dureza de coração do pecador. Creem que se a programação tiver bastante atrativos conseguirão atrais pessoas para Cristo. São técnicas que mais satisfazem os incrédulos.

Misticismo: O misticismo busca a verdade no interior da pessoa de forma a valorizar os sentimentos, a intuição, e outras sensações interiores. É uma crença que busca conhecer a verdade fora do intelecto humano, sua fonte de verdade é o sentimento espontâneo. O misticismo irracional e anti-intelectual é uma antítese da teologia cristã. Não é difícil de se perceber como o misticismo tem infiltrado nas igrejas hoje quando observamos que os sentimentos individuais e a experiência pessoal têm tomado o lugar da sã interpretação bíblica. Com frequência vemos pessoas buscando uma “revelação” particular, vemos opiniões pessoais em pé de igualdade com as Escrituras. O misticismo deixa de honrar a Deus e exalta o homem, levando a ilusão de que o erro é verdade. Alguns reivindicam terem viajado para o céu trazendo consigo novas verdades reveladas por Deus em secreto para eles. Isso tudo mina a fé dos crentes na suficiência de Cristo.

“Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude”

REFERENCIAL TEÓRICO

MACARTHUR, John F. Nossa Suficiência em Cristo: Três influências letais que minam a sua vida espiritual. 2. ed. São José dos Campos: Fiel, 2007.




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