quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Jovens entretidos = aprovação do mundo


A busca pela aprovação e reconhecimento tem sido o objeto de vida do homem pós-moderno. Infelizmente essa busca está arraigada dentro da igreja. Não é incomum vermos o desespero, a frustração e descontentamento com a vida de muitas pessoas, especificamente dos jovens cristãos. A igreja hoje está dividida em compartimentos. Há igrejas que os jovens não assistem cultos com seus pais ou familiares, pois eles têm um “pastor de jovens” em um lugar separado dos outros. Estes já saem de seus lares divididos, cada um no seu “mundo”, e não podem ser vistos com seus pais. O culto que deveria ser da família, está divido em compartimentos, ou seja, ou é do jovem, ou do idoso, ou é das crianças. A escola bíblica sim, deve ser dividida em classes de acordo com a faixa etária, mas e o culto?

O culto transformou-se em um lugar de entretenimento, e como não é suficiente, é necessário a realização de muitos eventos extras, como acampamentos, jantares, noite somente de louvores e etc., para manterem os jovens entretidos. Que tipo de jovens estamos “formando” ou “criando” nas igrejas?  Valentes guerreiros dispostos a sofrerem pelo nome de Cristo ou jovens acovardados, hedonistas, indiferentes e confortáveis?

Veja o autor de Hebreus diz no capítulo 13:12-15:

“Assim, Jesus também sofreu fora das portas da cidade, para santificar o povo por meio do seu próprio sangue. Portanto, saiamos até ele, fora do acampamento, suportando a desonra que ele suportou. Pois não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome”

Sair do acampamento (tabernáculo) significa um serviço realizado a Deus através de exílios, fugas, opróbrios e todo gênero de provações (Calvino). Significa também que não há lugar definido, podemos trabalhar e servir a Deus em um lugar e ali sermos expulsos, pois lá fora não há lugar seguro, somente o céu é nossa herança. Estamos formando jovens indolentes, para desfrutarem de uma vida tranquila. Jesus sofreu do lado de fora do portão, nós também fomos chamados para lá, portanto o “tabernáculo” ou “acampamento” deve ser abandonado por aqueles que querem servir a Cristo. Não estou dizendo que acampamentos, louvores, e jantares citados acima são errados, pelo contrário, eu me converti em um acampamento. O problema está na falta de objetividade, propósito e missão destes eventos. Os jovens se sentem bem ali, e não vão sair para fora do acampamento para sofrerem pelo nome de Cristo, pois não estão sendo treinados para isso.

Jean Fleming em seu livro Between Walden and the Whirlwind descreve o relacionamento que os dançarinos da New York City Ballet Company tinham com o mestre de balé George Balanchine (1904-1983), chamado carinhosamente de “Mr. B.”.

Para os dançarinos da New York Ballet Company, o falecido George Balanchine era tanto o diretor quanto público. Eles tanto o amavam, estimavam e temiam que, independentemente de quão grande fosse a plateia, eles dançavam para um único espectador: Mr. B. Os aplausos entusiasmados recebidos de todo o auditório pouco significavam se Mr. B não estivesse satisfeito.

“Para focar nossa vida em Cristo, precisamos permitir que Ele seja o nosso Diretor e nosso Público. Cada movimento de nossa vida deve ser coreografado por Ele e apresentado para Ele” (Fleming). “Não é suficiente que Jesus seja o nosso Diretor. Ele precisa ser também o nosso público. Não devemos dançar para a plateia nem para os críticos dos jornais, mas para Jesus, nosso Mr. B” (Robert Jones – Em Busca da Paz).

Nossa frustração, desespero e descontentamento com outras pessoas (família, trabalho, igreja) que buscamos alcançar entendimento, vêm não porque todos nossos esforços fracassaram, mas porque eles se tornaram nosso público, e não estão contentes com a nossa apresentação.

A quem queremos agradar, a Deus ou homens?
Quem é o diretor e público de nossas vidas, Deus ou homens?

“A oração de quem quer agradar a Deus” deve ser: Meu alvo de vida, em todos os momentos, deve ser agradar a Deus, não a mim mesmo nem aos outros. Pai, pela Sua graça, ajude-me a agradá-lo com todos os meus pensamentos, palavras, ações e desejos (Robert Jones – Em Busca da Paz).

“Por isso, temos o propósito de lhe agradar, quer estejamos no corpo, quer o deixemos”

“E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”

Ficar dentro do “acampamento” aparentemente é muito melhor, mas é lá fora, sofrendo a desonra que Cristo sofreu que mostraremos a quem estamos agradando, buscando reconhecimento ou aprovação.

Graças ao sacrifício de Cristo, a expiação que Ele consumou de uma vez por todas com seu próprio sangue que Ele trouxe para dentro do santuário celestial a fim de expiar os pecados do mundo (Lv 16:19,22,27; Hb 10:4,10-12), não servimos a Deus por meio de sombras (Hb 8:5; Cl 2:17), mas através de exílios, fugas, opróbrios e todo gênero de provações.

Aquele que espera por tempos e circunstâncias ideais, nunca fará coisa alguma!



Salomão usa duas atividades que ilustram e nos ajudam a viver pela fé e a esperar o inesperado, veja:

“Atire o seu pão sobre as águas, e depois de muitos dias você tornará a encontrá-lo. Reparta o que você tem com sete, até mesmo com oito, pois você não sabe que desgraça poderá cair sobre a terra. Quando as nuvens estão cheias de água, derramam chuva sobre a terra. Quer uma árvore caia para o sul quer para o norte, no lugar em que cair ficará. Quem observa o vento não plantará; e quem olha para as nuvens não colherá. Assim como você não conhece o caminho do vento, nem como o corpo é formado no ventre de uma mulher, também não pode compreender as obras de Deus, o Criador de todas as coisas. Plante de manhã a sua semente, e mesmo ao entardecer não deixe as suas mãos ficarem à toa, pois você não sabe o que acontecerá, se esta ou aquela produzirá, ou se as duas serão igualmente boas”

O primeiro é comerciante enviando seus navios com mercadorias (v. 1,2) e o segundo é um agricultor plantando suas sementes. Nestes dois casos, ele mostra através dessas atividades que é preciso ter fé, pois nem o comerciante nem o lavrador são capazes de controlar as circunstâncias.

Os navios podem bater em recifes, enfrentar tempestades ou até serem atacados e roubados por piratas e a carga se perder. Já na agricultura, a falta de chuva, a ferrugem, os insetos podem destruir a plantação e todo o trabalho do agricultor será em vão. Porém, se o comerciante e o agricultor esperassem por circunstâncias ideias, não fariam coisa alguma! A vida tem certo grau de risco, e é aí que entra a fé.

O comerciante distribuía sua riqueza em vários investimentos, não apenas em um único negócio. Lançar teu pão sobre as águas pode ser fraseada como: “Envia teus cereais nos navios”. Esses navios poderiam levar meses para voltarem com suas cargas preciosas, era um negócio arriscado, por isso é necessário ter fé.

“Por que não sabes” (v. 2,5,6) é a expressão chave desse texto.
Ninguém sabe o que o futuro nos reserva, e não é sensato buscar ajuda em misticismo, necromantes, feiticeiros, mágicos, espiritismos e etc (Dt 18:9-14). O medo e a incerteza podem nos paralisar, porém, o fato de não sabermos o que vem pela frente também pode nos levar a ter mais cuidado com o que planejamos e fazemos. Repartir a carga ou enviá-la em sete ou oito navios significa: “Não aposte tudo num único negócio”. Certamente um deles terá um bom retorno para investimento.

A agricultura na Palestina nos tempos bíblicos nunca foi uma tarefa simples. Os israelitas cultivavam em solo pedregoso e dependiam da chuva para nutrir as sementes. Ninguém é capaz de controlar condições do tempo. As nuvens são inconstantes. Elas vêm e vão, o a agricultor está a mercê da natureza. Hoje ainda existe tecnologia para irrigação do solo, mas mesmo assim precisamos da chuva. Uma tempestade pode derrubar uma árvore, e ali ela permanecerá e apodrecerá. O passado (árvore) não pode ser mudado, mas o presente (as nuvens) está a nossa disposição, e devemos aproveitar todas as oportunidades.

“Quem observa o vento não plantará; e quem olha para as nuvens não colherá.” (v.4). Não podemos ficar de braços cruzados. O vento nunca é perfeito para o semeador e as nuvens nunca são perfeitas para o ceifador.

Quem procura sempre encontra uma desculpa para não fazer nada. A desculpa é um “invólucro de razão preenchido com uma mentira” (Billy Sunday).

Deus tem um propósito para todas as coisas (Ec 3:1-11). Devemos viver pela fé em sua Palavra. Cabe a nós usar cada dia com sabedoria, lançar a semente de manhã e investir (lançar o pão) o máximo possível. Da mesma forma que o comerciante envia mais de um navio, o agricultor também planta mais de uma lavoura.

O resultado pertence a Deus. Muitos podem nos criticar pelos nossos trabalhos, semeaduras e investimentos em trabalhos evangelísticos. Muitos sequer descruzam os braços para fazer algo, só observam esperando tempos e circunstâncias ideais para tentarem fazer alguma coisa. Somos como o lavrador, semeando vários tipos de semente em solos diferentes. Deus dará a colheita (Gl 6:8,9; Sl 126:5,6; Os 10:12).

“Semeiem a retidão para si, colham o fruto da lealdade, e façam sulcos no seu solo não arado; pois é hora de buscar o Senhor, até que ele venha e faça chover justiça sobre vocês”
(Oséias 10:12)

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