terça-feira, 19 de setembro de 2017

O casamento e o “pedaço de papel”


O CASAMENTO COMO SACRAMENTO, CONTRATO OU ALIANÇA?

O casamento não é sacramento (Lei Eclesiástica) conforme ensinado pela Igreja Católica Romana como meio de se obter graça, este modelo sujeita o relacionamento entre marido e mulher ao controle da igreja.

O casamento como contrato bilateral (Lei Civil) é inadequado, pois ele abre portas para vários arranjos conjugais proibidos nas Escrituras como: casamento “legal” entre pessoas do mesmo sexo, poligamia e casamento incestuoso. Não quero dizer com isso que casamentos realizados diante de um oficial público não sejam válidos, pelo contrário são legítimos, quem se une com alguém de forma amigada comete fornicação (At 15:20), quero apenas mostrar que este modelo fica aquém daquilo que as Escrituras ensinam.

O casamento é um pacto, um vínculo sagrado (Lei Divina) entre um homem e uma mulher, instituído por Deus e firmado diante dele. 


O CASAMENTO É QUE SUSTENTA O AMOR, OU VICE-VERSA?

“Não preciso de um “pedaço de papel” para amar você!” Esta tem sido a declaração de muitas pessoas que querem evitar o compromisso do casamento partindo do pressuposto de que o amor é a base de um relacionamento. Só que no plano de Deus, “compromisso é a base do casamento, e o amor, o fruto” (Ken Sande). “Não é o amor que sustenta o casamento, mas o casamento que sustenta o amor” (Dietrich Bonhoeffer).

Quando uma pessoa diz: “Eu amo você, mas não vamos estragar tudo nos casando”, na verdade, o discurso por trás disso é: “Eu não amo você o suficiente para excluir todas as outras opções. Não amo você o suficiente para me entregar de modo tão completo”. Dizer: “Não preciso de um pedaço de papel para amar você” é, basicamente, o mesmo que dizer: “Meu amor por você não chegou ao nível de acabar em casamento” (KELLER; 2012, p.96)

Existem dois tipos de relacionamentos:

  • Relações de consumo: elas duram apenas o tempo necessário para que um fornecedor supra suas necessidades. As necessidades do indivíduo são mais importantes que o relacionamento.
  • Relações de aliança: implicam um compromisso de nossa parte. A Bíblia afirma que a ideia de aliança é a essência do casamento (Gn 2:22-25; Ml 2:14; Ez 16:8; Pv 2:17; Ef 5:31). A relação de aliança é uma combinação extraordinária de lei e amor.

  
EXPRESSÃO VS. NECESSIDADE


A solução dos nossos problemas deve ser motivada por uma expressão de fé em reação à graça de Deus, e não por “necessidades sentidas”. Não basta uma mudança de comportamento apenas, mas, antes deve haver uma mudança de todo o coração, caso contrário, o perdão concedido, o abandono da ira e a confissão de um erro, serão motivados apenas como um meio de esconder a sujeira propondo uma reconciliação superficial em um casamento, talvez por medo de retaliação, ou como um meio de fuga da disciplina. Devoção religiosa pode esconder profundas idolatrias. O louvor, o culto e a oração podem ser usados para servir ídolos e obtenção de controle sobre as pessoas na tentativa de exercer autoridade sobre Deus.

Não temos suficiência para satisfazer nossas próprias necessidades, por isso fabricamos ídolos “redentores” que, com suas falsas promessas, nos voltamos com disposição de cultuá-los com sacrifícios de pecado. Nenhum ídolo pode nos redimir da culpa que trazemos em nosso coração, por isso nos tornamos escravos das necessidades do pecado, preferimos o isolamento a comunhão com o corpo de Cristo, e por fim, saboreamos o papel de vítimas consequentes dos desejos da carne.

O caminho de Deus é diferente. Quando sua graça nos alcança ela desperta em nós a fé e o arrependimento. E em gratidão, nossa alma expressa adoração em sacrifícios de louvor (Hb 13:15) enquanto somos transformados (Rm 12:1-3) à imagem de Cristo (Rm 8:29), e progredimos na comunhão do seu corpo que é a igreja, até a perfeita maturidade (Ef 4:12-16).

EXPRESSÃO (aquilo que fazemos para glorificar a Deus): Adoração – Sacrifícios de louvor – Imagem de Cristo – Comunhão – Maturidade

NECESSIDADE (aquilo que fazemos para atender nossa ansiedade): Idolatrias – sacrifícios de pecado – culpa – isolamento – vitimização

Muitos cristãos estão disfarçando seus ídolos por uma falsa devoção religiosa. O principal argumento ou desculpa para aqueles que andam nesse caminho motivado por suas necessidades é dizer que Deus conhece a motivação de seu coração, e por isso acham que estão “liberados” para se esquivarem de suas responsabilidades. “Se o que importa é o amor e o sentimento que tenho pela pessoa, o compromisso do casamento é desnecessário, pois Deus conhece o meu coração”.

Ora, já pensou se os amigos de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abedengo, ao ouvirem do rei Nabucodonosor que seriam mortos caso não se curvassem diante de sua imagem de ouro e dissessem: “Nós nos curvaremos com o nosso corpo, mas não com o nosso coração, pois o que importa para Deus são as atitudes do coração”. Seu comportamento seria motivado por uma covardia moral, por comprometerem sua crença, e não simplesmente pelo medo de morrer, pois o comportamento está intimamente ligado ao motivo, e o motivo, ao comportamento. Este caminho é motivado por independência de Deus e satisfação própria. Como na história do menino que depois de três vezes instado pelo pai a se sentar, murmurou: “Eu sento, mas por dentro eu fico em pé!”.

A Bíblia fala que o comportamento é reconhecido por meio dos frutos da carne ou do Espírito (Mt 7:16-20; Gl 5:19-23; Rm 6:12-14). Há uma conexão entre o que a pessoa sente e o que ela faz. A maneira como a pessoa trata seu cônjuge e o modo como ela reage sobre as circunstâncias revelam não somente seu coração, mas a dinâmica do seu relacionamento com Deus (1Pe 3:1). O comportamento sempre será motivado e proposital, não adianta dizer: “foi sem querer”, (complexo de Chaves) pois não existe comportamento “sem querer”. Não adianta dizer: “Eu amo você, mas não a ponto de me casar com você”, pois a motivação para não se casar vem exatamente do coração, ou seja, de um coração egocêntrico, pois amor é o fruto de um compromisso firmado.


OS VOTOS DO CASAMENTO

Os votos de casamento não são uma declaração de amor presente, mas uma promessa de amor futuro que envolve compromisso mútuo. Faz algumas décadas que está na moda os casais escreverem suas declarações de consentimento e votos. Esses votos que os noivos escrevem: “Eu te amo e quero estar com você”, não são votos de casamento.

Os votos são o cerne do casamento. O verdadeiro voto é este:

“Em nome de Deus (primeiro o relacionamento vertical), eu, ________, te recebo, para seres minha esposa de hoje em diante, para conservar-te na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, para te amar e cuidar de ti, até que a morte nos separe. E para isso, dou-te a minha palavra e fé”.

Hoje em dia é preciso ser corajoso para dizer e se comprometer com este voto acima. Esta é a base do casamento, e o amor, o fruto deste compromisso verdadeiro. Mas, para aqueles que menosprezam este lindo compromisso, por causa de um “pedaço de papel”, preferem um relacionamento de consumo, pois sabem que quando o “fornecedor” parar de suprir suas necessidades, eles “partem pra outra”.


REFERENCIAL TEÓRICO

KELLER, Timothy. O Significado do Casamento. São Paulo: Vida Nova, 2012, p.96-110

GOMES, Wadislau M. Prática do Aconselhamento Redentivo. 2. ed. Brasília: Monergismo, 2018, p.255-258.

KOSTENBERGER, Andreas J; JONES, David W. Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2011, p.79-87.

Seu filho tem dificuldades em prestar atenção?

Prestar atenção é uma habilidade difícil para todas as crianças. Dar nossa atenção corretamente é uma luta normal. Embora seja uma luta co...