quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Raposinhas na vinha e a interrupção do romance

“Apanhem para nós as raposas, as raposinhas que estragam as vinhas, pois as nossas vinhas estão floridas”(Cânticos 2:15)

Quando li este texto achei muito engraçado, pois o que tem a ver raposas em um livro poético como o de Cânticos onde o tema central é uma paixão romântica no casamento?

Vejamos o que este versículo tem para nos ensinar. Nessa época, as vinhas eram protegidas por cercas de pedra. Eram construções altas o bastante para evitar que os predadores saltassem sobre elas. Mesmo assim, muitas raposas conseguiam entrar pelos buracos na cerca. A raposa é um animal astucioso, e sempre chegava à vinha na época da florada. As raposinhas amam os botões, pois são muito saborosos. Mas a perda destes botões significa que não haverá flores, nem uvas na vinha, nem vinho na mesa.

É nesse contexto que Salomão e sua amada conversando sobre o amor e a paixão deles, estão comparando a interrupção do romance com as raposas que comem as flores da vinha.                              

“Todo casal precisa apanhar as raposinhas que perambulam para interromper o romance antes mesmo que se concretize” (Dennis Rainey). No casamento precisamos saber o que e quem são as raposinhas que mais causam danos ao romance. Quero listar vários deles, mas podem existir outros em seu casamento:       

  • Apatia
  • Filhos
  • Amante
  • Conflitos não resolvidos
  • Diferenças
  • Inversão de papéis
  • Tempo mal-empregado
  • Interferência externa (amizades, parentes etc.)

 Em meu casamento as principais raposinhas que interferiam em meu romance com minha esposa eram os filhos e a amante. Não se assuste, a amante para aqueles que dedicam tempo ao serviço cristão chama-se “ministério”. Sim, podemos dar o coração, a alma e a mente para o ministério e não dedicar tempo e investimento no romance com a esposa, mas pela graça de Deus hoje tenho uma vida mais equilibrada. Os filhos são benção do Senhor, mas o casal deve estar atento para que eles não se tornem o centro do casamento. Tenho dois filhos pequenos, e como essas raposinhas perambulando pela casa interferem colocando obstáculos no meu relacionamento com minha esposa, não posso abraçá-la que já vem um menininho ciumento sentando-se entre nossas pernas para nos separar...kkkkk. Tenho conversado com eles, e já melhoraram bastante!

Outra raposinha que tem colocado obstáculos em muitos romances são os conflitos não resolvidos. Muitos maridos e mulheres reclamam frequentemente de estarem enfrentando problemas com sexo, mas em geral, o problema não é o sexo, mas os problemas do dia que foram levados para o leito à noite. Estes problemas deveriam ter sido resolvidos antes da hora de dormir (Ef 4:26).

A Bíblia cita alguns notáveis desentendimentos em relacionamentos com parentes. Há o caso de Esaú e suas esposas versus Isaque e Rebeca: “Tendo Esaú quarenta anos de idade, tomou por esposa a Judite, filhe de Beeri, heteu, e a Basemate, filha de Elom, heteu. Ambas, se tornaram amargura de espírito para Isaque e para Rebeca” (Gn 26:34-35). Há outro conflito entre Jacó e Labão seu sobro em Gênesis 29, este trabalhou sete anos para se casar com Raquel, porém, Labão lhe enganou e deu sua filha Lia, e Jacó teve de concordar em trabalhar mais sete anos para poder se casar com Raquel. Em Juízes 15:2 vemos Sansão em um conflito inflamado com seu sogro que deu sua esposa para outro homem.

O versículo fundamental que trata do casamento é Gênesis 2:24, pelo qual todos os conflitos do casamento podem ser determinados: “Por isso deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. No fim das contas, os problemas conjugais vêm de não deixar os parentes por afinidade: pai, mãe, sogro, sogra, irmãos etc., de não unir e de não se tornarem uma só carne. Se você quer evitar sérios problemas em seu casamento, converse sobre estes conflitos bíblicos sobre parentes por afinidade com seu cônjuge, pois eles podem ser evitados seguindo a ordem de Gn 2:24.

As amizades também podem influenciar o romance do casal para o bem ou para o mal. Lou Priolo conta que vários divórcios de casais que ele aconselhou vieram de influências de terceiros (amigos, colegas de trabalho e inclusive familiares). A Bíblia fala sobre o poder da influência (1Rs 11:3; 4; 21:25; Pv 22:24; 25; 29:12; 1Co 5:6-8; 15:33; Gl 3:1; Hb 12:5). As pessoas podem influenciar nossos pensamentos, valores, motivos, desejos, disposição, decisões, linguajar e aparência. Você sabe até que ponto sua esposa é influenciada por pessoas próximas a ela? Se não, deveria saber para poder ajudá-la e protegê-la. “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes” (1Co 15:33). As três primeiras palavras deste versículo são um alerta: cuidado! Não seja enganado. As amizades podem influenciá-lo a pecar de forma sutil que você nem poderá perceber. Se você está desenvolvendo amizades com pessoas de caráter questionável veja se há evidência de que você está influenciando esta pessoa para o bem (para Cristo), caso contrário, você deve presumir que na verdade é você que deve estar sendo influenciado para o mal.

Marido, saiba que você deve ser o amigo mais íntimo de sua esposa, pois se você não estiver interessado ou disponível para falar com ela sobre assuntos que pesam no coração dela, ela provavelmente irá buscar opiniões e conselhos de outras pessoas.

A falta de romance também pode estar relacionada as atitudes de motivação do coração. O coração é a sede das motivações. Todo comportamento tem um quando, um que e um porquê. O “quando” do comportamento é a circunstância para o comportamento. O “que” do comportamento é aquilo que alguém faz ou diz. O “porquê” do comportamento é a motivação.

Por exemplo, qual pessoa não gostaria de chegar em casa e encontrar tudo em ordem? Imagine que um pai de família que ao chegar em casa depois do trabalho é informado por sua esposa que o reparo hidráulico do banheiro está com defeito, e por isso teve de fechar o registro. Como consequência entrou ar no encanamento e não há uma torneira com água na casa. Naquele momento o marido só deseja lavar as mãos, comer e descansar. Enquanto sua esposa fala sobre o problema, seu filho começa a falar ao mesmo tempo muito eufórico pedindo para assistir um desenho no seu notebook (o pai havia prometido que ele poderia assistir mais tarde), e nesse momento ele grita com seu filho que sai chorando para o seu quarto.

Neste momento o pai poderia dizer que estava bravo “porquê” faltou água na casa e seu filho não parava de falar ao mesmo tempo com sua esposa. Nem a água, nem o filho e muito menos a esposa são o “porquê” de ele estar bravo, eles são o “quando”. O “quando” do seu comportamento é a circunstância. O “que” de seu comportamento é a sua explosão de raiva. O “porquê” de sua raiva é a motivação interior, a sua atitude de coração. O “porquê” do seu comportamento é que ele ama demais o conforto por temer a dor e o sofrimento, e deseja que sua vontade seja feita na terra, assim como a vontade de Deus é feita no céu. Os problemas externos não causam os erros ou os pecados das pessoas, ao contrário, elas sofrem do lado de fora por causa do mal que existe dentro delas (Tg 4:1-3).

Vamos transferir este exemplo para o romance no casamento. Dizer que está faltando romance (sexo) em seu casamento porquê não tem dinheiro ou porquê há interferência dos pais por morarem juntamente com eles mesmo sabendo que a Bíblia ordena o homem a deixar pai e mãe, não são exatamente o porquê da falta de romance (sexo), mas é o quando.

O “quando” do seu comportamento é a circunstância. O “que” de seu comportamento é a carência de romance (sexo). O “porquê” de sua carência quanto ao romance (sexo) é a motivação interior, a sua atitude de coração. O “porquê” do seu comportamento, a falta de sexo, é que você talvez ame mais o conforto, a segurança, a aceitação e/ou o dinheiro (raposinhas) por temer demais a falta destas coisas, deixando que elas interfiram diretamente no romance em seu casamento. Muitos casais estão abrindo as portas para as raposinhas entrarem de forma escancarada, deixando-as andarem livremente para interferirem no romance de seu casamento, por fazerem das coisas criadas por Deus em ídolos (objetos de devoção).

O medo e o desejo são dois lados de uma mesma moeda. Se uma pessoa deseja dinheiro, terá medo da pobreza. Se ela almeja ser aceita, ficará aterrorizada com a rejeição. Se uma pessoa temer a dor e o sofrimento, terá desejo por conforto e prazer. Se ela deseja ser superior, terá medo de ser inferior aos outros.

O romance deve ser cultivado e protegido das raposinhas. Por isso é preciso identificá-las e investir em passeios sozinhos, jantares românticos etc. Embora intimidade e romance sejam ingredientes importantes para um casamento saudável, um bom casamento não cresce no solo do romance, mas no solo da adoração. O romance doce e duradouro é fruto de um bom casamento que adora a Deus. “A adoração é o problema e é a cura; a guerra de nossos casamentos é de adoração” (Paul Tripp). Nosso problema não é amar nosso cônjuge bastante, não, nosso maior problema é não amar a Deus o bastante, por isso deixamos de amar nosso cônjuge como deveria ser amado.

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