sábado, 19 de novembro de 2016

A agressividade é boa ou ruim?




Em geral as pessoas consideram o comportamento agressivo (que inclui raiva, competição e auto-afirmação) mau ou bom.

Recentemente li um livro do autor Albert M. Wolters chamado “A Criação Restaurada” e na última seção onde ele aborda sobre o discernimento entre estrutura e direção que o cristão deve ter através das lentes corretivas da Escritura, ele fala sobre a Renovação Pessoal que envolve a agressividade, dons espirituais, sexualidade e outros. Antes de falarmos sobre agressividade precisamos entender estrutura e direção:

A estrutura é a “essência” de algo criado por Deus, percebidas através de nossas experiências em todos os lugares.
A direção refere-se ao desvio pecaminoso das coisas criadas por Deus, que anseiam pela redenção e renovação somente em Cristo.

A família, a nossa sexualidade, o nosso pensamento, as nossas emoções, o nosso trabalho, são coisas estruturais (criadas por Deus) e que estão envolvidas num jogo de poder entre a atração do pecado e da graça. Existe uma batalha direcional dessas áreas da criação. Deve haver santidade econômica na vida dos negócios, santidade no casamento, nos pensamentos e etc. Tudo que foi criado por Deus é bom e deve ser santificado por meio da sua Palavra e pela oração (1 Tm 4:5).

Muitos defendem a agressividade sendo algo bom porque ela é necessária para insistir no alcance de metas, lutar duro para vencer nos esportes ou ser bem sucedido nos negócios. Outros, porém desaprovam este comportamento porque carregam sentimentos de culpa sempre que expressam raiva, lutam para que ela seja suprimida ou controlada em vez de ser expressa de modo livre e aberto por considerarem este comportamento essencialmente pecaminoso, um resultado da queda, e não uma parte da boa ordem criada (estrutura).

O Etologista Konrad Lorenz escreveu um livro chamado “On Agression” (Sobre Agressividade) onde ele mostra que o comportamento agressivo representa um papel muito importante e positivo no mundo animal, pois serve para assegurar a sobrevivência das espécies. Ele e outros etologistas argumentam que os seres humanos também têm um instinto natural para a agressividade que não dever obstruído. Se for bloqueado, eles dizem, todos os tipos de neurose e desajustes emocionais podem surgir como resultado. Psicoterapeutas dessa linha, incentivam seus pacientes a expressar a ira, a se defender ao lidar com outras pessoas.

Mas então, a agressividade é boa ou ruim?
Esta pergunta oferece apenas duas respostas, sim ou não, e elas estão meio certas, portanto são falsas.
A pergunta a ser feita é: “Na agressividade, o que é estrutural (como Deus criou) e o que é direcional (o que foi afetado pelo pecado)?

Wolters fala da agressividade santificada como sendo aquela que todo cristão deve praticar ao contrário da agressividade odiosa.

O Dr. Harry Van Belle diz que um elemento da agressividade é essencial para uma boa discussão, para uma competição sadia e jogos, para tomar iniciativa no trabalho e num papel de liderança, para tentar conquistar uma namorada, e até mesmo para fazer sexo. A agressividade é requerida em resposta ao pecado, como na admoestação e na indignação justa. Ela é necessária contra o nosso orgulho. A agressividade deixa de ser algo bom quando ela se torna o oposto de amor, quando ela se torna uma agressividade odiosa.
A agressividade odiosa é a perversão de um bom dom criacional. Os cristãos são chamados então para santificar a agressividade, não para reprimi-la. Mansidão e agressividade não precisam ser contraditórias.

Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno a sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” ( 2 Tm 2:24-26).

O verbo traduzido como “disciplinando” (paideuin), normalmente interpretado por “castigar” ou “punir”, tem uma conotação fortemente agressiva.

Os cristãos de hoje têm confundido mansidão agindo de forma covarde, e agressividade agindo de forma odiosa e pecaminosa. Exemplo: igreja que não luta para pregar o evangelho, não sofre oposição por amor ao nome de Cristo, não se opõe as heresias e ao autoritarismo de falsos mestres, sendo assim ela se torna condescendente com o pecado. E sabemos que o processo de purificação muitas vezes exigi agressividade, assim como Jesus fez no templo (Jo 2:13-22).

A agressividade é um exemplo adicional de algo criado por Deus que não deveria ser rejeitado, mas santificado pela Palavra de Deus e pela oração (1 Tm 4:5).

sábado, 12 de novembro de 2016

Aprendendo a lidar com o sentimento da tristeza através de uma cosmovisão cristã


Nestes últimos meses tive contato com vários tipos de músicas, filmes e livros que expressam experiências de sentimentos como de decepção, dor, tristeza e alegrias. Fazendo uma breve análise pude observar que há muitos casos em que a honestidade e a verdade é melhor apresentada naqueles filmes chamados de seculares do que aqueles filmes classificados como evangélicos ou gospel, por causa da má teologia que tem levado a má arte, uma teologia que só tem espaço para o “Tudo posso naquele que me fortalece” e não admite “Desventurado homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”. Muitos filmes cristãos têm se comprometido a produzir somente uma arte “vitoriosa”, e por isso deixam de apresentar algo honesto e verdadeiro para o público.

Um filme muito legal, na categoria de animação, é o “Divertida Mente”. Conta-se a história de uma garota muito feliz, que vivia em uma boa cidade, nunca casa legal, que estudava numa escola muito boa e com um ótimo relacionamento com os pais. Porém ela nunca soube lidar com a tristeza. Sempre que ela sentia triste com uma perda ou problema, a alegria não deixava. Assim que ela foi crescendo, e seus pais tiveram que mudar de casa, tendo que se sujeitar com uma casa inferior a que ela morava, uma escola inferior a que ela estudava, a garota não soube lidar com as mudanças e desafios. Quando a personagem que fazia o papel da alegria em sua mente percebeu o que ela tinha feito todos aqueles anos, ela perguntou para a tristeza qual foi sua lembrança mais importante, ela disse que foi quando a garota perdeu uma partida de hockey no gelo e ela pode compartilhar dessa tristeza com seus pais que a consolaram. Lembranças estas que a alegria não permitia que ficassem gravadas em sua memória.

Outro filme na categoria de drama é “A Escolha”. Tem uma cena neste filme em que uma criança leva seu lagarto para o veterinário ver o que ele tem, e ao descobrir que seu lagarto está morto, o veterinário, ao invés de ser honesto com a criança,  prefere mentir dizendo que está tudo bem e coloca outro lagarto em seu lugar para não deixar a criança triste. Novamente a alegria apresentada como objeto de vida do homem que não sabe lidar com a dor.

Um filme na categoria evangélica é “Deus não está Morto”. Para mim este filme não representa bem a realidade de um estudante cristão. Nunca vi qualquer aluno cristão realizar debates com professores mestres e doutores e sair “ganhando” no final, pelo contrário, o que eu vejo hoje, são jovens crentes criados em lares cristãos que estão perdendo sua fé exatamente por não estarem equipados para fazerem uma análise crítica de cosmovisões concorrentes que eles encontram na academia. Não estão prevenidos e armados de conhecimento, para pelo menos terem uma chance de lutar quando forem a minoria em suas salas de aula. Se a própria igreja com seus líderes não sabem debater estes assuntos de ciência e fé, como nossos filhos saberão?
Michael Horton conta uma história em seu livro “O Cristão e a Cultura” que o filme Dead Poets Society (Sociedade dos Poestas Mortos), estrelado por Robin Willians, emocionou uma família por se identificar com a morte (suicídio) semelhante ao que eles tinham vivido em sua casa, e porque o filme foi apresentado com honestidade. Daí essa pessoa lhe disse: “Se uma companhia cristã tivesse produzido o filme, o rapaz não teria terminado no desespero (suicídio), teria sido algo como o rapaz descobrindo um folheto na gaveta junto ao revolver ou encontrado a salvação de um outro modo”.

E pra terminar quero citar a canção da banda Coldplay chamada “Paradise”, que em minha opinião tem uma melodia muito boa, é original, inteligente e seu clip é criativo e bem humorado.
A música fala de uma garota que tinha grandes expectativas com o mundo e que acabou se decepcionando com ele ao passar pelas dificuldades e problemas da vida, passando então a sonhar com um paraíso.
O Clipe da música mostra um elefante (o vocalista) preso em um zoológico sonhando um dia encontrar com seus amigos em um lugar chamado paraíso. Quando ele foge do zoológico, ele atravessa o mundo com muita dificuldade e sem dinheiro, ele faz de tudo para conseguir uns trocados para comprar uma bike e chegar até o tão sonhado “paraíso”.

CONCLUSÃO:

Quantas vezes, diante de fatos que nos entristecem nós agimos como atores no palco da vida, tentando expressar com sorrisos aquilo que deveria ser expresso com lágrimas?

Deus não quer que sejamos um povo que esconde as suas dores. Deus não espera que escondamos os sentimentos. Deus ama aqueles que são quebrantados no rosto, que mostram o que sentem, que se apresentam inquietos e frágeis diante das tragédias da vida. E, na hora em que fazemos isso, Deus levanta um exército para nos ajudar e interceder por nós.

Mas aqueles que querem se mostrar como gigantes diante da vida não precisam de ajuda e morrerão sozinhos, agonizando uma dor que não expressam no olhar.

Não passe maquiagem nos poros de onde Deus quer fazer verter gotas de sangue, porque a sua fragilidade, quando demonstrada de forma transparente, faz parte essencial do processo de restauração (Sérgio Queiroz – Gloriosas Ruinas: Principio da Transparência).

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Deveres Humanos vs. Direitos Humanos



“Nenhum direito a menos”, este tem sido o slogan dos estudantes de nossa sociedade pós-moderna. 

Agora, não somos cidadãos responsáveis, mas pessoas portadoras de direitos. O trabalho não é mais uma vocação, mas um emprego, e não é o meu dever servir o próximo, mas dever dos outros (geralmente do Estado) - (Daniel Bell)

Política é, na essência da palavra, abrir mão dos seus interesses pessoais para cuidar dos interesses da polis, da cidade, dos outros. Mas o que ocorre em nosso país não é isso; no Brasil parece que todo mundo acredita que tem direito a tudo – não se fala em deveres humanos; só em direitos humanos. Eu nunca vi uma tese sobre deveres humanos. Qual é o seu dever como ser humano? Quais são os seus deveres e não só os seus direitos?

A impressão que passa é que a maioria dos homens e das mulheres que ocupam cargos político-partidários está à procura não do bem comum, mas de interesses, direitos, prerrogativas e benefícios pessoais e oligárquicos. Não se pode falar em redução de gastos públicos. Que tal se nós começássemos a pensar também no outro e renunciássemos um pouco aos nossos direitos? Buscar seus direitos é ser justo; renunciar alguns deles em nome do amor, da comunhão e da restauração é ser cristão (Sérgio Queiroz).

Em nossos dias, os relacionamentos entre empregadores e empregados, marido e esposa, pais e filhos, trabalho e lazer estão todos se desintegrando. Cada um corre e trabalha para si mesmo, e não para a sociedade. Nessa visão de mundo hedonista, o trabalho perde o seu significado porque o homem perdeu o seu significado ante a face de Deus e, com essa perda, ele perdeu também a sua característica relacional, divinamente ordenada, para com o próximo (Michael S. Horton).
 
O pai que aconselha um filho a escolher uma profissão que seja mais rendosa é um mau conselheiro. Não basta ter uma profissão que não venha ser proveitosa aos outros e nem servir ao próximo, toda profissão deve ser útil ao público e redundar em bênçãos para todos (João Calvino, comentário de Efésios 4:28).
 
Até pouco tempo atrás (2013) os moradores das favelas de nosso país estavam consumindo com uma euforia ímpar. Não estavam se contentando com o básico, mas estavam buscando produtos que conferiam status. Estavam gastando toda a renda em eletrodoméstico, roupas, perfumarias e até com uísques. 69% das famílias pobres das favelas estavam endividadas, somente 37% estavam poupando. Seis em dez estavam endividados (Consultoria Boa Vista Serviços - Revista Exame).

Nossa sociedade atual está marcada pela corrupção, pelo crime e a desordem. 

Quando deixamos de cumprir com nossos deveres violamos diretamente o oitavo mandamento. As transgressões deste mandamento não são somente a de prejudicar nosso próximo tomando seu dinheiro ou propriedade, mas também quando deixamos de cumprir com os nossos deveres em atender nosso próximo (Êx 20:15; Tg 4:17; Pv 3:27).

O princípio da renúncia é abrir mão dos direitos para restaurar ou abençoar alguém, assim como fez Neemias, embora sendo governador, abriu mãos de seus privilégios como comida e tributos específicos do seu cargo para restaurar Jerusalém que estava em ruínas (Ne 5:14-16).

“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:5-8)

Seu filho tem dificuldades em prestar atenção?

Prestar atenção é uma habilidade difícil para todas as crianças. Dar nossa atenção corretamente é uma luta normal. Embora seja uma luta co...