terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A Soberania das esferas: Estado, Família e Igreja - Parte IV



Estamos caminhando para a parte final da nossa série de estudos sobre a soberania das esferas. E neste mês nosso último estudo será focado na esfera da Família.
A família foi criada antes do Estado, e como já vimos nos estudos anteriores o Estado foi estabelecido por Deus para que o mal em nosso mundo fosse refreado, porém, este sistema não foi necessário antes da queda do homem, sem pecado não haveria necessidade de magistrados nem ordem no estado, pois existiria apenas um império mundial orgânico com Deus como seu Rei (Abraham Kuyper - Calvinismo).
O casamento é uma instituição divina (Gn 2:18-25; Mt 19:6), criado e ordenado por Deus para a raça humana. Deus criou a humanidade à sua imagem e semelhança e como macho e fêmea. O casamento não é invenção humana, é mandato de Deus e deve ser obedecido e cumprido (Gn 1:28). O mandato social é a base para o mandato cultural, pois da família se desenvolve a sociedade e a cultura. A sociedade origina-se diretamente da criação. Podemos observar isto imediatamente na família. Da dualidade entre o homem e a mulher surge o casamento. Da existência original de um homem e uma mulher vem a monogamia. As crianças existem por causa do poder inato de reprodução. As crianças estão naturalmente relacionadas como irmão e irmãs. O desenvolvimento é espontâneo. Mesmo com o pecado, o casamento continua sendo o fundamento da sociedade humana, e a família mantém sua posição como a esfera primordial na sociologia. “O lar é tão básico e central para todas as instituições sociais não apenas porque foi a primeira instituição da sociedade fundada por Deus, mas porque é o berçário da igreja” (Michael S. Horton  - O Cristão e a Cultura).
 Existe uma frase de um pensador do século passado que diz: “a força de uma nação vem da integridade de seus lares”, e de acordo com ela podemos concluir sem dúvida nenhuma qual é o motivo do caos de nosso país e do mundo afora: a falta de integridade no lar (Ef 6:1-9; Cl 3:18-25).
A principal interferência do Estado na esfera da família está relacionada diretamente na área da educação. Não existe educação neutra, sempre existirá uma ideologia por trás da educação, sempre existirá uma religião por trás da educação, não existe educação laica. Por mais que vivamos sob o governo de um Estado laico, sempre existirá uma religião, uma ideologia por trás da educação. Nossos filhos aprendem desde cedo que o homem não foi criado por Deus, porque ele veio ou evoluiu de um ancestral comum. A filosofia educacional de maior influência ou abrangência na sociedade brasileira é o Construtivismo, desenvolvida pelo biólogo e pensador suíço Jean Piaget (1896-1980), essa filosofia de ensino vê como prejudicial o direcionamento do professor, pois ele é apenas o agente facilitador, ou seja, se pais e mestres agirem como agentes transmissores de conhecimento não estarão respeitando o individualismo de cada criança. O Estado também quer aprovar na educação básica de nosso País a chamada “ideologia de gênero” que pressupõe uma ideologia de ausência de sexualidade, ou seja, o conceito de homem e mulher, masculino e feminino são considerados construções culturais e sociais, da qual uma pessoa pode “construir” sua “identidade de gênero”.  
Estes são os modernos adoradores de Baal ou Moloque (Sf 1:4,5). Esta religião não afirmava o Deus da Escritura, mas o deus do Estado e seu governante. Os pais se reuniam perante o altar deste deus e sacrificavam seus filhos de forma cruel, seus filhos eram queimados vivos, e neste mesmo altar eram praticadas orgias bissexuais. Esta é a Fé do Estado. Nossos filhos estão sendo sacrificados dia após dia, só que de uma maneira maquiada e florida como o exemplo da legalização do aborto.
Outra interferência na esfera da família é da Igreja de Roma com a “nulidade matrimonial”. A igreja não tem o poder de dizer que um casamento pode se tornar nulo, sem valor, sem efeito, frívolo ou vão. Se todas nossas escolhas erradas do passado fossem resolvidas dessa forma, jamais precisaríamos de um Deus que restaura relacionamentos em ruínas e que pode trazer o perdão aos quebrantados de coração. Deus criou o casamento para a vida toda, para ser permanente, a união entre o marido e a mulher não é temporário (Ml 2:14-16; Rm 7:2), Deus odeia o divórcio e Ele punirá todos os dissolutos e adúlteros (Hb 13:4). Aquele que se divorciou não deve se casar de novo, exceto por motivos de relações sexuais ilícitas por parte do cônjuge, pois aquele que se casa novamente comete adultério (Mt 5:32; 19:9).
“Cada casa deve ser educada no temor do Senhor, em disciplina, e formá-la em semelhança de uma Igreja. Assim devem ser todas as casas cristãs, como pequenas igrejas” (João Calvino). “O lar é uma pequena igreja, um pequeno seminário” (Martinho Lutero).
“A maldição do SENHOR habita na casa do perverso, porém a morada dos justos ele abençoa” (Pv 3:33).

terça-feira, 10 de novembro de 2015

A Soberania das esferas: Estado, Família e Igreja - Parte III




Nós aprendemos até aqui que a primeira função do governo, como ordenado por Deus, é proteger, sustentar, e preservar a santidade da vida humana (Rm 13). A segunda missão do Estado é promover a liberdade da igreja, da religião e da pregação fiel da Palavra de Deus entre os cidadãos. Não cabe ao Estado governar a igreja, nem regular a liberdade e autonomias espirituais como vimos no estudo anterior (Am 7:13). Este apoio que o Estado deve oferecer à igreja é de uma boa legislação, que garanta a livre pregação da Palavra de Deus, pois a edificação da Igreja se faz por meio da Palavra e pelo poder do Espírito Santo.
O Estado não tem nenhuma autoridade espiritual sobre a igreja (Jo 18:36). Existem casos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos de pessoas que foram disciplinadas pela Igreja e procuraram uma tentativa de revogar a decisão da igreja apelando para uma corte civil. Infelizmente há casos em que essa decisão da igreja foi revogada por um magistrado, esta é uma clara usurpação de função pertencente a igreja pelos magistrados civis. Jesus deu as chaves do reino para a igreja, não para o Estado (Mt 16:19; Hb 5:4; 2 Cr 26:18). O Estado não tem o direito de interferir nos assuntos da igreja.
Qual seria a missão política da Igreja? Há quase 500 anos atrás a Reforma Protestante no século 16 surgiu para resgatar as verdades bíblicas ocultadas pelo Catolicismo Romano. A reforma também tinha aspectos e dimensões políticas e sociais. A responsabilidade social da igreja envolve: ministério didático, político e social (O Pensamento Econômico e Social de Calvino – André Biéler).
Ministério Didático: A igreja deve instruir o Estado e as pessoas quanto ao ensino bíblico sobre a administração dos bens outorgados por Deus (Gn 1:28).
Ministério Político: A igreja deve em primeiro lugar orar pelas autoridades constituídas e quando necessário advertir as autoridades quando cometer injustiças contra os pobres e oprimidos. Se a igreja não vigiar o estado ela se torna cúmplice da injustiça social (1 Tm 2:2).
Ministério social: A igreja dever dar assistência social para os pobres, órfãos, viúvas e a qualquer necessitado. A Reforma resgatou a função bíblica do diaconato (Dt 24:19-22; Lv 23:22).
Quando a igreja adverte o Estado contra injustiça da legalização do aborto e do uso da maconha, a igreja não está tentando intrometer na esfera do Estado e sim lembrando que esta é sua primeira função, proteger a vida e não destruí-la. Qualquer governo que legaliza a morte de bebês ainda não nascidos e o uso legal da maconha tem falhado em seu mandato divino de governar. No Antigo Testamento, no livro de 1 Reis capítulo 21, vemos a história do Rei Acabe. Este rei consentiu com a morte de um homem inocente chamado Nabote por se recusar a vender suas vinhas a ele. Este rei, além de não cumprir com o seu primeiro dever como governador de preservar a vida, ainda confiscou uma propriedade privada. O Profeta Elias pronunciou o julgamento de Deus contra a vida e o reinado deste rei. Assim como o Profeta Elias, a igreja deve advertir as autoridades quando cometerem injustiças contra os cidadãos mais fracos.
O Senhor disse através do profeta Zacarias: “Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu próximo” (Zc 7:9,10). 
“A igreja tem seu próprio Rei, sua própria organização. Possui seus próprios oficiais. Ela tem seus próprios dons para distinguir a verdade da mentira. Portanto, é seu privilégio, e não o do Estado, determinar suas próprias características como a Igreja verdadeira e proclamar sua própria confissão” (Calvinismo – Abraham Kuyper).
“Certamente a igreja de Cristo tem vivido e viverá enquanto Cristo reinar à destra de seu Pai – pois, pelas mãos de Cristo, ela é sustentada, por sua proteção ela é armada e pelo seu poder é fortalecida” (João Calvino, Carta ao Rei Francisco da França - 1536).

Seu filho tem dificuldades em prestar atenção?

Prestar atenção é uma habilidade difícil para todas as crianças. Dar nossa atenção corretamente é uma luta normal. Embora seja uma luta co...